Banco Central dos EUA decide manter juros perto do zero.
- http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/bc-do
- 17 de set. de 2015
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O Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) decidiu manter a taxa de juros do país próxima a zero, informou após reunião com seus membros nesta quinta-feira (17). A possível alta dos juros seria a primeira no país em quase uma década e era amplamente aguardada pelo mercado.
A justificativa para a decisão foi a existência de riscos globais que podem frear a economia. Para o Fed, a atividade econômica está expandindo a um ritmo moderado, com "sólidos ganhos no mercado de trabalho e queda no desemprego".
Sobre decidir quando elevar os juros, o Fed repetiu que quer ver "mais melhora no mercado de trabalho" e estar "razoavelmente confiante" de que a inflação vai subir.
"Os recentes eventos na economia global e financeira devem refrear a atividade econômica de alguma forma, provavelmente pressionando para baixo a inflação [dos EUA] no curto prazo", diz o órgão em comunicado.
Reação dos mercados Logo após o anúncio da manutenção dos juros, o dólar parou de subir e passou operar com instabilidade frente ao real, mas voltou a subir e fechou a R$ 3,88, renovando a máxima em 12 anos. Um aumento das taxas por lá poderia, em tese, atrair para os EUA parte dos recursos aplicados em mercados considerados menos seguros como o Brasil, o que ampliaria as incertezas locais, podendo causar forte volatilidade na moeda frente ao real.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou estável após ter oscilado entre altas e baixas. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, fechou aos 48.551 pontos, com ações da Petrobras e Vale em alta.
Perspectivas para a economia A inflação continua a permanecer abaixo da meta de longo prazo do Comitê, em parte refletindo as quedas nos preços da energia, disse o Fed no anúncio desta quinta.
"A situação no exterior recomenda uma vigilância estreita", afirmou Yellen em entrevista coletiva após o término da reunião sobre a política monetária norte-americana
As projeções de crescimento mais lento do Produto Interno Bruto (PIB), desemprego baixo e inflação ainda fraca sugerem que as preocupações com a chamada "estagnação secular" pode estar ganhando força entre as autoridades do Fed.
A média das projeções das 17 autoridades mostrou que o Fed espera que a economia cresça 2,1% este ano, ligeiramente mais rápido do que o esperado anteriormente. Entretanto, suas projeções para a expansão do PIB em 2016 e 2017 foram reduzidas.
As autoridades também veem que a inflação avançará apenas lentamente na direção da meta de 2% do Fed mesmo com o desemprego caindo menos do que o esperado. Eles agora esperam que a taxa de desemprego atinja 4,8% no próximo ano, permanecendo nesse nível por até três anos.
Juros perto de zero desde 2008 A taxa básica de juros dos EUA (equivalente à Selic brasileira), vem sendo mantida no piso histórico desde o final de 2008, quando foi reduzida para dar fôlego à economia norte-americana durante a crise financeira internacional. A última elevação dos juros ocorreu em junho de 2006.
Policial observa o prédio do Federal Reserve, em Washington (Foto: REUTERS/Kevin Lamarque)
Neste ano, o Fed adotou a estratégia de avaliar de reunião em reunião o momento daquela que será a primeira alta de juros desde junho de 2006, tomando a decisão baseando-se apenas no fluxo de indicadores econômicos.
A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, tem deixado claro que preferiria adiar a alta da taxa de juros por muito tempo do que agir mais cedo e correr o risco de afetar a fraca recuperação econômica.
Efeitos para o Brasil Para o economista especializado em administração de investimentos Marcelo d’Agosto, a volatilidade dos mercados mundiais seria o efeito mais imediato de uma possível elevação dos juros. "No Brasil ainda mais, por ser um mercado um pouco mais fragilizado, especialmente depois de perder o grau de investimento", diz.
O professor de finanças da Universidade de Stanford, Darrell Duffie, afirmou em agosto, em Campos de Jordão, que a alta dos juros nos EUA poderia beneficiar o Brasil, apesar de prejudicar mercados emergentes devido a uma fuga de recursos dos investidores.
“Há alguns benefícios, porque se a economia dos EUA é um motor de crescimento global e a alta dos juros indica que ela está melhorando, então haverá maior demanda por produtos manufaturados de países como o Brasil, que terá preços atrativos de seus produtos e poderá vender mais para essas economias”, afirmou Duffie.
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